Atualizado em 14/03/2019
A música faz parte do nosso cotidiano e, sem que percebamos, influencia as emoções, nos deixando tristes ou alegres, calmos ou agitados. Inclusive, muitos tratamentos podem chegar a resultados mais rápidos e satisfatórios com o auxílio de terapias relacionadas à música. Você já sabe o que é musicoterapia?
Essa técnica é capaz de ajudar na recuperação física e mental de diferentes doenças. Neste artigo, reunimos informações que abordam desde o seu conceito até estudos científicos que comprovam a sua eficácia. Continue lendo e saiba tudo sobre o assunto!
O que é musicoterapia?
Trata-se de uma terapia que utiliza a música e seus elementos, como melodia, ritmo, som e harmonia, para auxiliar na reabilitação mental, física e social das pessoas, sendo aplicada por musicoterapeutas, formados em Musicoterapia.
A capacitação profissional proporciona conhecimentos sobre anatomia, neurologia e psicologia. Os profissionais adquirem formação prática em canto, percussão, teoria musical, expressão corporal, dança e técnicas grupais, entre outros.
Como a música age no cérebro?
Para entender melhor a ação da música no cérebro, é necessário saber um pouco sobre a anatomia desse órgão. Seja tocando, seja ouvindo música, diferentes áreas do cérebro são ativadas, como:
- corpo caloso: conecta os hemisférios direito e esquerdo, interpretando informações mentais. A música ativa essa área mais intensamente;
- córtex auditivo e motor: processa dados sensoriais. Dançar ou tocar um instrumento estimula respostas auditivas e táteis;
- córtex pré-frontal: relaciona-se com o planejamento de pensamentos complexos, comportamento e tomadas de decisões. A música influencia as atitudes;
- córtex visual: responsável pela imaginação. Quando ativado pela música, traz lembranças visuais relacionadas;
- cerebelo: mantém o equilíbrio, controla o tônus muscular, movimentos voluntários e processos de aprendizagem motora. Ativado pela dança, canto ou utilização de instrumento musical;
- hipocampo: sede da memória e importante componente do sistema límbico, com função fundamental para a navegação espacial. A música estimula as lembranças e os sentimentos relacionados;
- amígdala: grupo de neurônios que regula o comportamento sexual e responde a estímulos emocionais. É a região mais influenciada pela música.
Quais são os benefícios da terapia?
Os benefícios da musicoterapia são diversos. No aspecto mental, reduz o estresse, melhora o humor, a concentração e o raciocínio. No físico, promove o aumento da resistência, a melhoria da capacidade respiratória, as habilidades motoras e a redução das dores.
A terapia também é eficiente na reabilitação de pacientes com sequelas de Acidente Vascular Cerebral (AVC). Os idosos, portadores de doenças crônicas e dependentes químicos também se beneficiam.
Estudos científicos que comprovam os benefícios
Diversos estudos já foram realizados com o objetivo de comprovar os efeitos positivos para diferentes doenças físicas e mentais. A seguir, vamos comentar sobre algumas pesquisas que relacionaram a música com os transtornos de ansiedade e dores causadas por fibromialgia, câncer, entre outras.
Ansiedade
Um estudo realizado por pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Maryland, em Baltimore (EUA), analisou 10 mil voluntários fumantes para avaliar os efeitos da música na ansiedade. Para tanto, foi solicitado aos participantes que selecionassem uma canção que proporcionasse bem-estar e outra que aumentasse a ansiedade.
Os cientistas obtiveram como resultados a dilatação em 26% nos vasos sanguíneos após a audição de uma música alegre. As melodias que remetiam à tristeza causavam ansiedade e provocavam uma redução de apenas 6% no fluxo sanguíneo.
Fibromialgia
Na Universidade de Granada (Espanha), pesquisadores comprovaram que a combinação da musicoterapia com outras técnicas de relaxamento reduz de forma significativa a depressão, a dor e a ansiedade, e melhora o sono entre portadores de fibromialgia.
A pesquisa analisou 60 pacientes com a doença, dividindo-os em dois grupos. Um grupo foi tratado com sessões utilizando técnicas de relaxamento por meio de imagens e musicoterapia, com CD para ouvir em casa.
O grupo não submetido à terapia não apresentou mudanças na dor. O que realizou sessões relatou redução significativa desse sintoma, bem como da depressão, após as quatro semanas de tratamento. A pesquisa concluiu que o relaxamento guiado e a musicoterapia receptiva é um método eficaz para o tratamento sintomático da doença.
Câncer, dor e alterações no humor
Pesquisadores da Universidade de Drexel, na Filadélfia (EUA), comprovaram que a musicoterapia é eficiente para reduzir a dor, a ansiedade e a melhoria do humor, promovendo a qualidade de vida dos pacientes.
A pesquisa analisou 30 estudos realizados com um total de 1.891 participantes. Os resultados indicaram uma relação entre a audição de música e mudanças fisiológicas, como a redução do ritmo cardíaco e respiratório, bem como da pressão arterial, podendo ser aplicada em pacientes com câncer de forma direcionada.
Recentemente, a história da pequena Anna Luísa, em tratamento contra o câncer, veio à tona devido a sua participação emocionante em um show de Vitor Kley, em Brasília. A música “O Sol” do cantor tem sido fundamental para a recuperação da menina, que chorou ao cantar sua música favorita ao lado de seu ídolo.
Que métodos são utilizados na musicoterapia?
O musicoterapeuta analisa as necessidades, a fim de escolher as melhores e mais adequadas atividades para que o paciente seja estimulado e tenha benefícios com a prática.
O tratamento é, normalmente, realizado de maneira ativa, por meio da interação com o paciente, utilizando instrumentos, canto e dança, além de outras atividades. Há também a prática por recepção, quando o profissional apenas toca as músicas nos casos de dificuldades motoras.
Outra técnica empregada utiliza sessões gravadas com composições ou improvisações sobre temas propostos, não sendo necessário que o paciente tenha conhecimento musical. Os instrumentos mais utilizados são o piano, o violão e os de percussão.
Aplicação dos métodos em casos clínicos
Dependendo da especificidade, o método utilizado pode ser realizado isoladamente ou em conjunto com técnicas, como é o caso do reiki.
Autismo
O autismo é uma síndrome que causa problemas na socialização e comportamento. A disfunção dificulta a fala e a expressão de sentimentos e ideias, mal-estar na presença de pessoas e pouco contato visual, além de movimentos repetitivos e estereotipados.
O terapeuta toca uma música junto com o paciente, objetivando a melhoria do contato visual e social. O método também utiliza sons parecidos aos que a criança emite, podendo, ainda, deixá-la à vontade para que toque do jeito que se sentir melhor.
Qualquer uma dessas técnicas ou a combinação delas promove o desenvolvimento da socialização do autista.
Acidente Vascular Cerebral (AVC)
O AVC ocorre quando há um rompimento ou entupimento dos vasos que transportam sangue para o cérebro, provocando uma paralisia na área que não recebeu irrigação adequada.
O profissional utiliza diferentes ritmos musicais para estimular a plasticidade neural, visando despertar gradualmente a memória, as emoções, as interações sociais e a recuperação motora.
As sessões iniciam com audição e progridem com atividades participativas, que variam de acordo com a evolução da capacidade motora do paciente.
Doenças cardíacas
Disfunções cardíacas têm como principais características as alterações nos batimentos e elevação da pressão arterial.
Para o tratamento, são realizadas audições musicais com ritmos constantes, harmônicos e calmos, com menor número de batimentos por minutos, objetivando o máximo de relaxamento por meio da redução da pressão arterial. Em alguns casos, são adicionadas técnicas de reiki.
Depressão
Geralmente, o transtorno mental necessita de um tratamento medicamentoso. A musicoterapia é aplicada como coadjuvante para a melhoria do humor e restabelecimento das relações interpessoais.
O tratamento é guiado de acordo com a identidade sonora do paciente, entendida por meio de observação da reação a determinados ritmos. Após a coleta dos dados, o profissional planeja as sessões.
Como vimos, a terapia musical é, comprovadamente, uma técnica eficaz que auxilia no tratamento de diversas doenças. Nesse sentido, é importante que os profissionais da área médica busquem entender o que é musicoterapia e considerem a sua aplicação em clínicas e consultórios, contribuindo, dessa forma, para a satisfação do paciente.
Gostou do artigo? Aproveite, então, para conhecer outras 6 práticas que podem ser adotadas para deixar o paciente satisfeito!