Enquanto muitos jovens sonham com a carreira médica e em finalmente poderem usar os famosos trajes típicos da profissão, outras pessoas sofrem só de pensar em aproximar-se de um. Essa é a chamada síndrome do jaleco branco, algo muito comum e que jamais deve ser visto pelos profissionais da saúde como banal, pois afeta diretamente o desempenho dos tratamentos propostos aos seus pacientes.

Tamanho é o problema que ele já é reconhecido como uma síndrome  que além de dificultar diagnósticos e tratamentos, ainda pode gerar maiores complicações. Por isso, é importante que a questão seja evidenciada e debatida para que as pessoas consigam tratar o desconforto e impedir que ele evolua para um quadro mais grave. 

A gestão de uma clínica médica deve se preocupar com todo tipo de paciente, oferecendo um atendimento humanizado e acolhedor. A seguir, confira as principais informações sobre a síndrome do jaleco branco. Acompanhe!


O que é a síndrome do jaleco branco?


Também conhecida como latrofobia ou fobia irracional de médicos, a síndrome do jaleco branco está relacionada a dificuldade de certas pessoas em lidar com o ambiente hospitalar, de clínicas ou consultórios médicos.

Assim, surgem alguns sintomas como:

  • ansiedade exacerbada;
  • tontura;
  • tremedeira;
  • taquicardia;
  • tensão muscular;
  • náuseas;
  • gritos e choros, no caso das crianças;
  • adiamento dos exames de rotina por medo;
  • aumento da pressão arterial;
  • agitação e descontrole físico e emocional etc.

A sua forma mais comum e menos grave também é conhecida como "hipertensão do jaleco branco" ou "hipertensão de consultório". Nesses casos, a pressão arterial se eleva repentinamente na presença de um médico ou profissionais da saúde que utilizem o vestuário branco.

Em outros momentos, fora desse tipo de ambiente, a situação é normalizada. Uma das formas de descobrir se o paciente é mesmo hipertenso ou não é fazendo a aferição da pressão em casa, com o MAPA (Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial).

Então, é preciso muita cautela para que uma hipertensão não seja diagnosticada de maneira enganosa, pois o médico pode prescrever medicamentos que, na verdade, não se aplicam ao real estado de saúde da pessoa.


Quais são as principais causas da síndrome do jaleco branco?


Embora a síndrome possa afetar pessoas de todas as idades, a literatura médica aponta que a maior parte dos casos tem a sua origem na infância. O medo de agulhas, intervenções cirúrgicas e até de alguns medicamentos pode persistir por toda a vida. A seguir, listaremos algumas das principais causas dessa síndrome.


Experiências negativas


Uma experiência negativa é capaz de gerar um trauma difícil de ser contornado. Histórias de outras pessoas, falta de confiança e até mesmo vergonha também podem influenciar.

Além do mais, o ambiente médico ou hospitalar já carrega um certo peso associado a situações desagradáveis como doenças, lesões, acidentes, mortes etc. Assim, se na infância alguma pessoa passou por uma experiência ruim relacionada a médicos ou hospitais, pode ter um trauma que perdura por toda a vida.


Notícias negativas sobre a medicina


Notícias divulgadas na mídia falando sobre casos de erro médico, cirurgias malfeitas, efeitos colaterais de medicamentos ou tratamentos, entre outros casos, podem fazer com que as pessoas desenvolvam um medo de que isso aconteça com elas. Por isso, muitas evitam a todo custo qualquer tipo de contato com os profissionais da área da saúde, pois têm uma imagem negativa do ambiente hospitalar em seus imaginários.


Resistência ao abandono de vícios


No caso de pessoas que são dependentes de bebida alcoólicas ou outras substâncias químicas e daquelas que têm uma alimentação desequilibrada, entre outros tipos de hábitos pouco saudáveis, o medo pode ter origem nos seus vícios. Isso porque elas sabem que o que fazem é errado.

O médico poderá propor um tratamento para que elas deixem de lado esse comportamento, mas dificilmente será efetivo, pois o abandono por questões diversas é o cenário mais comum.

A hostilidade, de fato, pode gerar um desconforto em pacientes mais sensíveis, que desenvolvam o receio de ter que enfrentar o médico e algum problema de saúde. A ansiedade acumulada acaba provocando outras manifestações somáticas, que reforçam tal aversão.


Quais são as possibilidades de tratamento desse tipo de síndrome?


Cada caso se manifesta de uma maneira, com intensidades e causas diferentes. Portanto, o tratamento vai depender muito de uma avaliação criteriosa e cuidadosa de um profissional qualificado para o propor o tratamento ideal para cada pessoa.

Normalmente, o tratamento requer atenção não só com a saúde física, mas sobretudo com o equilíbrio mental. Nesse sentido, é muito importante a ajuda de psicólogos, psiquiatras e terapeutas, por exemplo.

Inclusive, pode ser necessário que outros métodos sejam utilizados para controlar o medo e a ansiedade, como:

  • terapia em grupo;
  • técnicas de relaxamento;
  • consultas via telefone ou internet;
  • locais diferenciados, que não lembrem hospitais e clínicas médicas;
  • companhia constante de pessoas durante a consulta;
  • profissionais que não utilizem o vestuário médico.

O bom relacionamento com o paciente é fundamental, tentando deixá-lo mais confortável e satisfeito. Assim, espera-se conseguir abrir um caminho para identificar a origem do problema e, aos poucos, solucioná-lo antes que ocasione maiores prejuízos à saúde.

Tratamentos como a terapia cognitivo-comportamental e a hipnose, feita por psicólogos, podem ser alternativas para reverter esse medo. Tratam-se de atividades feitas em consultório psicológico, em que o profissional induz o paciente a lidar com esse problema e reverter os seus traumas no seu subconsciente.


Quais são os riscos da síndrome do jaleco branco não tratada?


Dois tipos básicos de problema podem ocorrer se a síndrome do jaleco branco não for tratada devidamente. Ambos caracterizam situações graves e que podem se desenvolver mais, caso o paciente não busque uma solução para o seu problema.

O primeiro é que o paciente começa a protelar as consultas e exames médicos, o que afeta diretamente o seu estado de saúde. Sem acompanhamento e uma certa regularidade no check-up, a prevenção e o tratamento de males e doenças ficam comprometidos.

Além disso, não tratar as causas e os sintomas da síndrome pode fazer com que ela evolua para situações mais graves. Muitas pessoas chegam a apresentar crises fortes de pânico, quadros depressivos, entre outros.

Também é possível que outras fobias se desenvolvam por consequência da síndrome do jaleco branco, como a hipocondria e a anosofobia, que caracterizam o medo irracional de adquirir doenças.

As pessoas com esse quadro começam a ter preocupação excessiva e sempre que apresentam qualquer sintoma comum, como de um resfriado simples ou uma mancha pequena na pele, pensam que estão com uma doença grave. Quando isso acontece, essas pessoas sofrem porque não têm coragem de marcar uma consulta com o médico e ao mesmo tempo pensam que estão contaminadas com uma patologia irreversível.

E você, já conheceu de perto algum caso de síndrome do jaleco branco? É papel do médico conversar com essas pessoas e tentar convencê-las de que ele está ali apenas para ajudá-las e que não julgará os seus comportamentos. Conversar com os familiares desses pacientes também é importante, para que juntos se chegue a uma solução, como a busca por um atendimento psicológico.

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